27 de agosto de 2012

Resenha: Eu mexi no seu queijo, de Deepak Malhotra

[Fonte: Resenha: Eu mexi no seu queijo, de Deepak Malhotra:]

Há mais de dez anos, o best-seller Quem mexeu no meu queijo? conquistou o mundo com a fábula sobre aceitar mudanças que, às vezes, são inevitáveis. Agora, Deepak Malhotra, professor da Harvard Business School, contraria totalmente essa lógica com o livro objeto da resenha do dia de hoje, Eu Mexi no Seu Queijo.
Nesta nova fábula, há três ratos – Max, Zed e Big – no labirinto que, em vez de se conformarem com a realidade e perseguirem incansavelmente o queijo, se recusam a aceitar as limitações e as situações que lhes são impostas. Eles ensinarão que é possível assumir o controle da própria vida e jogar de acordo com as próprias regras.Vamos ver do que trata o livro? :D
Informações técnicas
Título: Eu mexi no seu queijo

Número de páginas: 123
Editora: Best Seller
Preço médio: R$ 25
O subtítulo do livro é “Para aqueles que se recusam a viver como ratos no labirinto alheio”, e o propósito declarado da obra, como o próprio título diz, é  fazer um contraponto ao best seller escrito por Spencer Johnson. Nesse livro de Spencer, o autor ensina que mudanças acontecem e que devemos aceitá-las, pois estão além de nosso controle. O que podemos controlar, em última análise, seria a nossa reação.
Deepak, ao escrever esse título, propõe um novo objetivo:
“Ajudar os leitores a questionarem suas suposições em relação a quais são as limitações que eles realmente enfrentam, e encorajá-los a adotar as medidas necessárias para mudar não apenas seus comportamentos, mas também as circunstâncias em que estão envolvidos. [...] Podemos criar as novas circunstâncias e realidade que quisermos, mas primeiro devemos descartar a noção muitas vezes arraigada de que não somos coisa alguma além de ratos no labirinto alheio” (p. 12-13).
O livro conta, então, a história de três ratos que vivem no labirinto: Max, Zed e Big.
Max é, por dizer assim, o “questionador”, aquele que não aceitava as coisas como todo mundo cegamente aceitava. Por que todos os ratos ficavam buscando o queijo dentro do labirinto como se isso significasse a própria busca pela felicidade? Por que o labirinto era projetado daquela forma? Por que ele continha tantos caminhos inúteis? Ele questionava todas essas situações, mas era prontamente desencorajado pelos demais ratos do labirinto, sob o argumento de que seriam perguntas inúteis.
Zed personificava o sujeito “zen”, conhecido por ser uma pessoa, quero dizer, um rato :) inteligente, sábio mesmo. Ele não se importava com o queijo, e não se sentia na obrigação de seguir os costumes e hábitos dos demais ratos.
“Zed era a prova viva de que alguém que parecia desafiar cada uma de suas crenças sobre o que era importante podia ainda ser feliz, e, de fato, ser mais feliz do que qualquer outro rato no labirinto” (p. 31, destacou-se).
Big também se destacava do meio da multidão, porque era o mais “fortão” da sociedade local de ratos. Era mais forte do que qualquer outro rato, e era assim porque trabalhou para isso. Ele não se importava muito com a busca frenética pelo queijo, que era o “padrão-ouro de felicidade” dos ratos locais. Ele se preocupava em desenvolver o seu já musculoso corpo. Tinha descoberto o que o fazia feliz, e não se importava se os outros o entendiam ou não.
Certa vez, houve uma aglomeração de ratos em torno de Zed, o sujeito sábio, e começou-se a travar uma discussão em torno do livro de Spencer. Zed enfureceu a multidão local, ao afirmar que os ensinamentos do livro “Quem mexeu no meu queijo” eram não só desimportantes, como irrelevantes. Isso porque, dentre outras coisas, todos os ratos foram condicionados a pensar que a busca pelo queijo era a única forma de buscar felicidade, e que o labirinto era uma realidade que todos deveriam aceitar. Zed então fez vários questionamentos:
“Ora, existem coisas muito mais interessantes e importantes para considerar – respondeu Zed, naturalmente. – Você alguma vez pensou sobre por que a mudança é inevitável? Você alguma vez se perguntou por que o labirinto é do jeito que é, qual a finalidade dele? Você alguma vez pensou em questionar por que os ratos passam a vida inteira à procura de queijo? Você alguma vez se perguntou, após constatar sua ausência, quem mexeu no meu queijo?” (p. 40, com destaque no original).
Logicamente, a reação dos ratos locais foi de indignação. Afinal, todos achavam que essas perguntas não faziam sentido. Todos, menos Max. Max, o “questionador”, ficou intrigado com essas questões levantadas por Zed, e tomou a decisão de buscar respostas para todas essas perguntas. Ele estava determinado a descobrir por que o labirinto era projetado de tal forma, por que o queijo se movimentava, e quem, afinal, mexia no queijo dele.
Não vou dizer como Max conseguiu sair do labirinto (afinal, isso seria como contar o final de um filme, leiam o livro e saberão…rsrs), mas o fato é que, ao conseguir sair do labirinto, ele descobriu que havia pessoas, seres humanos, que eram como os ratos, em sua personalidade e características psíquicas, e que projetavam os labirintos e a posição dos queijos para atender aos objetivos deles, seres humanos.
Max ficou encantando com suas descobertas, e as ia relatando para Zed:
“A vida no labirinto nos condiciona. Recusamo-nos a questionar nossas crenças em relação ao queijo ou em relação ao que realmente nos traria a felicidade. Em vez disso, aceleramos e saímos atrás de mais queijo. E a busca continua. No entanto, nós ratos não estamos sozinhos nisso. Todos os seres são assim, até mesmo as pessoas, que também têm seus labirintos. Elas também têm seu queijo, mas não usam esses nomes. Elas descobriram algo sobre os ratos, mas não percebem que suas vidas são similares. Elas, da mesma forma, aceitam o labirinto como inescapável e veem as paredes como intransponíveis. Elas, igualmente, se recusam a tomar atitudes e também não conseguem fazer as perguntas mais importantes. [...] Para os ratos que aceitam seus labirintos como inescapáveis, como uma prisão, não há decisões a não ser reagir aos desígnios dos outros. Mas para aqueles que se recusam a aceitar o labirinto como algo condicionado e que desafirão seu design, existe uma outra possibilidade: decidir agir (p. 65-67, sem destaques no original).
O mais interessante é que Max não só conseguiu sair do labirinto, como também aprendeu a linguagem dos seres humanos (esse rato é um perigo! rsrsrs) e, sem estes saberem, começou a mudar o que os administradores dos labirintos escreviam em suas instruções. Agindo assim, ele foi capaz de influenciar nas mudanças que eram feitas no labirinto. Mudou paredes, reprojetou o labirinto inteiro, acrescentou mais queijo… tudo com o (nobre) objetivo de encorajar os ratos a descobrirem seus próprios objetivos. O fato é que, apesar de o novo labirinto ser melhor do que o antigo, os ratos ainda estavam sujeitos a regras externas. E então Max disse:
“Se apenas um rato decidisse, por conta própria, que não iria mais buscar o queijo cegamente, ele estaria livre. Eu não teria controle sobre ele. Minhas regras seriam irrelevantes” (p. 72, destacou-se).
Assim, como Max, Zed também conseguiu sair do labirinto, mas de uma forma totalmente diferente (not, leiam o livro…rsrs :D ). Max ficou intrigado como Zed havia conseguido transpor o labirinto daquela forma, ao que Zed sorriu, e disse simplesmente:
“- Veja, Max, o problema não é o rato estar no labirinto, mas o labirinto estar no rato” (p. 85).
Big, o maior rato já visto, também conseguiu sair do labirinto, tendo em vista que a quantidade crescente de ratos no local já estava atrapalhando seus treinamentos de força e resistência. Ele refletiu sobre a situação toda, e achou melhor também “dar o fora” (ele conseguiu sair do labirinto usando…rs).
Conclusão
Esse livro traz muitas reflexões interessantes. Por exemplo, há muitos labirintos que as pessoas acreditam ser externos, mas que, na verdade, são internos, como Zed disse de forma inteligente, ao afirmar que “o problema não é o rato estar no labirinto, mas o labirinto estar no rato”. A busca frenética pelo queijo pode nos cegar para os objetivos que realmente queremos para nossa vida: afinal, qual jogo você está jogando? É o jogo certo para você?
A escolha de objetivos pessoais e profissionais é crucial especialmente para os estudantes, e Malhota propõe a seguinte reflexão:
“Alguns dos maiores erros cometidos por estudantes em suas vidas estão relacionados às áreas profissionais que eles escolhem e aos empregos que buscam; e muitas dessas escolhas refletem pressões e expectativas externas. Infelizmente, muitos estudantes vão passar alguns anos – e outros a vida inteira – buscando sonhos que não são os seus” (p. 110, destacou-se).
Esse é um livro para ser lido e relido quantas vezes for necessário, e o fato de ser uma obra curta – menos de cem páginas – ajuda nesse propósito. Uma mensagem do livro particularmente relevante é essa: questione suas crenças: elas te libertam ou te limitam? Não é porque todo mundo de sua área de atuação faz o que está fazendo que você precisa seguir necessariamente pelo mesmo caminho. Lembre-se da busca cega pelo queijo dos ratos no labirinto. Será que não está na hora de você sair desse labirinto e viver de acordo com suas próprias regras? Você não precisa jogar o jogo dos outros para ser feliz.
Muito embora a maioria das pessoas prefira ficar aonde está, acredito que as ideias principais contidas no livro sejam bastante úteis e proveitosas para um seleto e pequeno grupo de leitores do blog. Se for esse o seu caso, vá adiante e aja. Agora. Pois de nada adianta ter uma boa ideia se ela não for colocada em prática. :wink:
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!

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