23 de outubro de 2009

O Valor da Experiência

O VALOR DA EXPERIÊNCIA

O tempo não nos dá tempo. Marcha inexorável e ininterruptamente, cabendo a nós nos posicionarmos nele na medida que nos aprouver. Cabe-nos também a sabedoria de controlar os fatos sobre os quais temos poder. É verdade que sobre uma parte, talvez 10%, não temos controle. Acontecem à nossa revelia. Porém a grande maioria está sob nossa administração.
Aqui entra a experiência. É ela que, se bem aproveitada, nos capacita a controlar os acontecimentos em nossa vida, dispondo-os a nosso favor. E para o bom aproveitamento da experiência é necessário usar nosso tino, nosso espírito de observação, enfim, a sabedoria.  Por isso os jovens erram tanto. Pois agem por impulso, intempestivamente, o que é na verdade, próprio de sua idade. Muitas vezes vão na onda e pagam caro por sua insensatez. Inclusive, vale observar, por tudo isso até pagam mais caro pelos seguros de seus veículos.
Uma aliada forte da experiência, é sem dúvida a paciência. É ela que nos dá o tempo necessário para observar o que se passa conosco e nos abre os olhos para diferir experiência de informação. Isso é necessário, pois a informação sacrifica a experiência. Uma vez que a informação se passa no mundo e a experiência se passa em nós. A experiência é criativa e solidificante, ao passo que a informação é volátil e efêmera. Enquanto não conseguirmos trocar nossa informação por experiência não presenciaremos nenhuma mudança substancial em nossa sociedade e a nossa educação está carente disso. Na verdade somos uma sociedade informada. Com informações informatizadas que aniquilam o tempo para experiência. Como a sociedade tem pressa, então não tem paciência.
Assim sendo faz-se necessário não confundir experiência com informação, com trabalho ou com ócio. A Informação é estéril, o trabalho é repetitivo e o ócio é inerte; enquanto a experiência é criadora, dinâmica e fecunda. Pois conforme nos diz Heidegger, se bem o entendemos, a experiência é estimulante e transformadora. Então experienciar é nos abrir aos acontecimentos, esse fato implica em receptividade. Portanto não podemos nos impor mas nos expor. Como o homem moderno é vítima da informação, desde o tempo que vai fazer no dia seguinte até a pasta de dentes que deve usar, fica sem disponibilidade para a experiência.
Por outro lado cabe-nos pensar também o saber, fruto  da experiência, que é mais consistente, embora pessoal, individual e único. Mas que poderá se tornar coletivo e social além de benéfico e útil, desde que corretamente certificado pela ciência.
Hoje, felizmente podemos constatar que a sociedade, embora timidamente, tem se dado conta do valor da experiência. Algumas empresas, por confiarem na sabedoria  dos idosos, tem admitido aposentados em seus quadros. Nossa sociedade está começando a entender que ser idoso não quer dizer ser velho. Pois enquanto o idoso sonha com o futuro tendo olhos brilhando  iluminados pela esperança , o velho dorme acomodado nas  sombras do passado.
O sábio não se envelhece com o passar dos anos, mas se enriquece.

José Moreira Filho
Acadêmico da ALAMI
moreira@baciotti.com

16 de outubro de 2009

O Poder

Se buscarmos no Houaiss, vamos encontrar, para essa palavra, entre outras, as seguintes definições: possuir força física ou moral, ter influência, valimento, ser capaz de, estar em condições de... Pois bem, e pensar que é em torno dessa pequena palavrinha que gira o mundo. Todos almejam o poder. Consciente ou não, todos buscam-no. Desde as crianças até os mais poderosos governantes das maiores nações.

Assim, é necessário refletirmos sobre suas variações. Entendo que podemos considerar, num aspecto bem geral, pelo menos, quatro modalidades de poder: o econômico, o político, o espiritual e o moral. Isso porque  quaisquer outros tipos que considerarmos, estarão relacionados com algumas dessas modalidades. O econômico, de maior influência, pois num mundo quase todo capitalista não poderia ser diferente, é o que nos acompanha do nascimento até a morte. É em nome, ou por causa desse poder que se mata tanto, que se rouba, que se avilta a pessoa humana em todos os sentidos e que se fere e deforma o Plano da Criação.

Derivado do poder econômico temos o poder político. Digo derivado porque, quem tem dinheiro consegue o poder político por meio da compra do voto e das enganosas campanhas milionárias. E daí, uma vez de posse desse poder, consegue aumentar ainda mais o seu poderio econômico, até porque precisa reaver os gastos de campanha. Ou somos ingênuos de pensar que se gastam fortunas numa campanha política apenas pelo orgulho de ascender-se a um cargo público ou mesmo por magnanimidade?

Quanto ao poder religioso, não difere muito dos anteriores. Desde os primórdios cristãos, a história nos dá conta dos abusos do poder religioso. Basta darmos uma olhada na instituição chamada Inquisição, onde vemos em muitas situações a Cruz se misturar com a Espada. E em nome de Deus pessoas sendo queimadas vivas. Ter poder, é ter mando. É ter influência.  E esse sentimento nunca andou de braços dados com a humildade. O poder corrompe, mascara, deforma a personalidade  e mostra uma postura orgulhosa travestida de humilde, de honesta e de legal. Contra esse perigo o detentor de qualquer poder deve ter sabedoria para não se contaminar e ter humildade para reconhecer a sua própria falibilidade. O poder religioso até poderia sustentar que Cristo é o caminho, mas que ninguém fosse pedágio.

Finalmente podemos considerar o poder moral. Esse sim é que deveria embasar todos os outros. O poder político teria muito mais sustentabilidade se se firmasse na solidez de posturas corretas, coerentes e éticas. Por que o nosso Congresso está na UTI ? Isso foi atestado até mesmo pelo seu Presidente, há algum tempo atrás,  (Cf. Veja, n.º 13 de 02/04/08-páginas amarelas). Poder econômico não lhe falta, nem mesmo o político, mas está apoiado em mentiras, em falcatruas, por isso desacreditado. Os noticiários estão cheios de detentores de poder político sendo algemados e enchendo os camburões da polícia federal. Alguém ainda se lembra da  Operação Pasárgada?   Tudo isso,  simplesmente porque não mesclam o seu poder político com a ética. Com uma conduta ilibada e patriótica.

Não podemos negar que o poder fascina. Muito já se escreveu sobre isso. Existem livros e livros abordando esse assunto. Os 5 passos para o poder pessoal, O poder do sub consciente, O poder da identidade, O poder global... só para citar alguns títulos.

Penso que seria muito bom, que faria muito bem para toda a sociedade se aprendêssemos a cultivar O PODER DO CORAÇÃO !

José Moreira Filho
Acadêmico da ALAMI
moreira@baciotti.com

2 de outubro de 2009

O Pensamento Eficiente

Você já parou alguma vez para refletir sobre o pensamento? O que seria esse processo eletroquímico que impulsiona o mundo? Pois na verdade, tudo que ocorre no mundo, tem seu princípio nessa fração de segundo, quando um neurônio excitado formula e transmite uma informação. Daí surgem as idéias, que se agrupam, se ordenam e se multiplicam, provocando os fatos. E os fatos nos envolvem. Neles participamos ativa ou passivamente, dependendo do nosso grau de conscientização. Às vezes deixamos acontecer e nos contentamos só em reclamar. Não nos damos o trabalho de pensar. É comum ouvirmos a expressão: Ah! não quero nem pensar. Porque pensar dá trabalho. Principalmente se quisermos pensar logicamente. O grande racionalista Descartes, descobriu que existia, porque concluiu que pensava - cogito ergo sum. E nós no Brasil estamos carecendo muito de descobrir que existimos. Que estamos vivos e precisamos assumir as rédeas de nossa história.
Bem, mas pensar só não é suficiente. É preciso pensar com lógica e conjuntamente. É preciso encontrar uma alternativa de poder, sempre democrática, mas premiada pela ética, que privilegie a participação direta do cidadão, que o faça sentir realmente dono de seu destino, responsável pelas realizações governamentais.  Medidas tomadas nas caladas das noites, processos votados sob a égide de negociatas clandestinas, só aumentam a apatia política da sociedade. É preciso pensar, para o Brasil contemporâneo, um modelo que resgate a eficiência da democracia participativa. Que concretize a cidadania, sob pena de se avolumar cada vez mais, a desconfiança na suficiência desse modelo para a solidificação de uma democracia plena.
Portanto, é necessário o exercício do pensamento para conseguirmos extirpar o mito de que votando no “menos ruim” estamos cumprindo o nosso dever de cidadão. Essa teoria, na verdade, está tão somente retirando dos políticos todo o ônus das mazelas sofridas pela sociedade e jogando-o sobre os ombros do cidadão-eleitor que não sabe escolher seus representantes. Assim, o cidadão passa de vítima a culpado.
Isso posto, se refletirmos sobre nossa situação política, iremos saber que existem alternativas para o modelo democrático atual e que talvez possam ser melhores para o nosso caso. Podemos sim abdicar desse regime, sem no entanto ter que cair no outro extremo e ter que aturar regimes totalitários. Mas também sem ter que assistirmos a um regime de direitos de grupos, que em nome dessa democracia, privilegia determinados setores em detrimento de outros. Saberemos ainda que é natural essa situação se considerarmos a crise de legitimidade vivida pela democracia no final do século XX.
Cabe-nos portanto “esquentar a cabeça” , por os neurônios para funcionar e trocar as idéias surgidas. Com sinceridade e sem partidarismo. Com otimismo e sem vinganças políticas. Com diálogo, mas com firmeza de posições e conhecimento de causa.
Assim podemos lembrar daqueles dois viandantes que se cruzam em uma estrada, cada um com seu lanche e uma idéia na cabeça. Se trocarem o lanche cada um seguirá com apenas uma refeição, mas se trocarem as idéias, cada um seguirá seu caminho com duas idéias.

José Moreira Filho
Acadêmico da ALAMI
moreira@baciotti.com