1 de dezembro de 2009

Saudosismo

O mundo hodierno está deveras  conturbado,  isso não  é novidade para ninguém. Muita gente já vive momentos de saudosismo, relembrando tempos de quarenta ou cinqüenta anos atrás que era uma maravilha. Após o jantar podia sentar-se à calçada e bater papo com os vizinhos até o sono reclamar o recolhimento. Muitos deleites mais povoam nossa mente quando comparamos essa época com os dias atuais.

     Bem, é verdade que há um mar de lama que nos apavora por demais hoje, desde a cruel violência até a maléfica corrupção, mas não podemos nos esquecer que com o progresso, com o desenvolvimento, também vieram soluções para inúmeros problemas sociais. Os avanços da medicina hoje salvam vidas e dão bem estar as pessoas de uma maneira bem mais  rápida e eficiente. Embora seja  verdade que a mesma tecnologia usada para o bem, em mãos maldosas tem a mesma eficácia.  Mas à primeira vista o que nos parece é que a comunicação se tornou mais livre, eficiente e rápida. Com isso tomamos conhecimentos dos fatos em tempo real, não é preciso por exemplo, aguardar o Repórter Esso à noite, para sabermos de um assalto a um Banco em São Paulo ocorrido de manhã. Naqueles tempos também existiam as mazelas de hoje, apenas não tínhamos conhecimento. E se, em menor número, é porque a população também era menor. É curioso notar como em nossas cidades, mesmo as planejadas, o seu espaço útil tem se tornado insuficiente. Quem diria, por exemplo, há algum tempo atrás, que em nossa cidade iria ter um trânsito difícil, com problemas de estacionamento, etc. A verdade é que, com o aumento populacional, aumentam-se as necessidades, a prestação de serviços, o esclarecimento e as exigências. Com isso emerge-se um número cada vez maior de questões a serem resolvidas – problemas.  Mas a ignorância sobre um problema não significa sua inexistência. Por outro lado, essa constatação não deve ser consolo nem placebo para os males que castigam tanto nossa sociedade. Entendo assim, que nos resta extrairmos, do nosso saudosismo, as lembranças saudáveis e exeqüíveis para nossos dias e colocá-las em prática para o bem de todos. As boas maneiras, por exemplo, não custam nada e fazem tanto bem. A palavra empenhada, a honradez, a honestidade. Essa última então, de tanto desuso tem sido alvo de cumprimentos efusivos, quando praticada. Basta alguém ter encontrado carteiras ou objetos de valor perdidos e procurado devolvê-los aos respectivos donos, para ser ovacionado e aplaudido como se isso não fosse só sua obrigação. Como se isso fosse um feito heróico e não o natural. A exceção e não a regra. São as chamadas  mudanças de valores.

     Volto a bater numa tecla que tem sido meu refrão – atenção ao processo educacional. Pois sabemos que é ali, na tenra idade,  que as sementes  dos valores  são plantadas. Daí a preocupação com nossas escolas. O homem deve ter com a escola uma relação quase mística. Vê-la quase como um santuário. Um verdadeiro templo. Pois ali está a fonte de toda sua estrutura. A escola é o cadinho mágico que funde e dá forma a todo o potencial hereditário em cada indivíduo. É ela o triunfo do homem e é por ela que o homem triunfa. Hoje a família tem transferido o berço para a escola, em função das mudanças sociais que obrigam mães a buscarem o complemento do orçamento doméstico fora de casa. É uma exigência do mundo moderno, um problema, e não podemos ignorá-lo. Cabe-nos usar da tecnologia a nossa disposição, para tratá-lo. 
           Valores podem mudar, mas desconheço uma única pessoa que não goste de ser bem tratada, de receber um sorriso, um bom dia, uma bênção.

José Moreira Filho
Acadêmico da ALAMI
moreira@baciotti.com

16 de novembro de 2009

Valoração Humana

Quando refletimos sobre a pessoa humana, uma busca inquietante que percebemos é a procura pela felicidade. Por quê? Qual é a razão que leva o ser humano a buscar com tanta sofreguidão esse bem? E o que é na realidade essa tal felicidade? Tratados, livros, poemas, discussões infindas já se ocuparam desse tema e ainda há tanta desgraça no mundo. Por quê?
Bem, primeiramente entendemos que somos criaturas e como tais temos um criador, que também segundo nossa fé é Deus, eterno, onisciente e onipotente. Aceitamos também que Deus nos criou para sermos felizes. Esse foi e é o único objetivo do Criador. Assim sendo é tendência natural que a criatura busque seu criador. Estar em sua presença é para ela o máximo bem, a felicidade, o céu. Não é isso  que observamos, por exemplo, entre o recém-nascido, a criança e sua mãe? Mas como chegar a tanto? Aí está  a questão da valoração. Uma série de fatores, com preponderância para o meio ambiente, leva a pessoa a estabelecer uma escala de valores em sua vida, sempre perseguindo a felicidade.
Vejamos, podemos imaginar como exemplo, o seguinte esquema da valoração humana: numa visão ampla da vida, o que eu chamaria de “macrovisão” e obedecendo uma ordem socioestrutural, colocaríamos em primeiro lugar a saúde. É necessário que o indivíduo nasça bem, cresça saudável, perfeito. É claro, não é nossa intenção discutir as condições desse nascimento. Estamos trabalhando com tese. Em segundo lugar viria o trabalho. Toda pessoa precisa se sentir útil, produtiva, criadora, engajada no cosmos e na história.  Por último a família, pois para constituir uma família a pessoa primeiro precisa ter como mantê-la. Além disso o homem é um ser essencialmente político. Ele precisa do seu semelhante para se relacionar, para se situar. Pois bem, nessa escala encontramos um ser humano livre, que é uma condição para a felicidade. E essa liberdade se manifesta em três dimensões: exteriorização – que seria a relação com o exterior, do agir aqui e agora; interiorização – que seria o relacionamento consigo mesmo, é entrar no âmago de sua personalidade, onde a revelação se dá apenas de si para si mesmo e a transcendência – que seria a busca de um ser supremo. É quando o homem se dá conta de sua finitude e carece de uma ajuda superior.
Nosso raciocínio, porém, não pára aqui. Ainda seguindo o mesmo esquema, numa visão menor, uma “microvisão” e agora obedecendo uma ordem psicoemocional, a nossa ordem de valores seria, em primeiro lugar o relacionamento conjugal, que em sendo bom, propicia ao ser humano a  alegria de viver. Em segundo lugar a saúde, pois a alegria de viver é uma condição para se ter boa saúde. E por último o trabalho, o qual para ser eficiente, necessita  uma infra-estrutura emocional proporcionada pela família e pela saúde, além de premiar o indivíduo com a   satisfação pessoal de ser provedor do bem.
Isso posto, entendemos que se estabelecermos uma inter-relação coerente e dinâmica dessas duas visões é possível chegarmos ao sucesso social, que, no mundo capitalista e numa aceitação profana, teríamos a felicidade. Porém, entendendo que o homem não é só matéria, é fácil perceber que isso não bastaria. Então, carecemos de preencher também nosso espírito e aí entra a religião. Só através desse religare, dessa volta ao seu criador, é possível a essa criatura, encontrar a satisfação plena – a felicidade.
Voltando então ao início do nosso raciocínio, tentando explicitar as perguntas propostas, poderíamos dizer que: o homem busca a felicidade porque é uma tendência natural da criatura, felicidade essa que não é outra coisa senão a satisfação psicoespiritual do ser e, é claro, se essa busca for apenas para satisfações temporais, não satisfaz ao espírito, daí a angústia, o desprazer, a infelicidade.
Evidentemente que nosso raciocínio não se atrela aqui, a situação políticossocial, que seria objeto de outra linha de pensamento.
Finalizando podemos concluir que o ideal é conseguirmos um equilíbrio em nossos valores. Dar à carne o que é da carne e ao espírito o que do espírito sem extremismos, até porque a felicidade não existe por si só. Ela está em alguém. E cabe a cada um, através da sabedoria, descobri-la.
Resolver ser feliz só depende de você!
José Moreira Filho
Acadêmico da ALAMI
moreira@baciotti.com

4 de novembro de 2009

A decantada democracia

Desde os idos tempos da antiguidade clássica, que romanos e gregos já reverenciavam essa forma de governo que se propõe ser a mais justa e adequada à convivência humana. Porém sabemos que sua história é repleta de incoerências e interpretações eiradas de conveniências.
Etimologicamente esse conceito nos sugere que o povo é quem governa. (Demo + cracia) governo do povo. Sugere também que, com ela, a vontade coletiva ou da maioria está sendo respeitada através da representatividade. Mas hoje, e especificamente no Brasil, são tantas as máscaras que colocam nessa forma de governo, que acabam travestindo-a em faces encantadoras, então aplaudidas pelos menos avisados, mas que na verdade esconde uma realidade cruel sustentando o governo de uma minoria. Onde está a vontade da maioria, por exemplo, quando vemos milhares de pés de laranja serem destruídos pura e simplesmente pela decisão de um grupo que nem identidade social tem? Portanto, juridicamente, nem existe? Essa ação vai despertar realmente a atenção das autoridades para o problema agrário? Por exemplo, a questão da monocultura?  Todos sabemos que existem muitos erros em relação à reforma Agrária, mas algum deles justifica esse?  Onde está a vontade da maioria, quando o Congresso Nacional, composto por nossos representantes legítimos, decide coisas sabidamente polêmicas e que na verdade vem de encontro a vontade popular? Exemplo A PEC 336/2009. Agora mesmo, precisamos acompanhar para ver no que dá, o projeto de iniciativa popular, avalizado por 1,3 milhão de assinaturas e  batizado de “Ficha Limpa”, que impede a candidatura de pessoas com certas pendências judiciais. Muitos dos que vão votar esse projeto, são exatamente os “Fichas Sujas”. E aí? Quem está acostumado a legislar  sempre em causa própria vai agora atender o clamor da massa?
Essa é a nossa democracia. A forma de governo que escolhemos e da qual poderíamos dizer: ruim com ela, pior sem ela. Mas é possível melhorá-la e fazê-la realmente representativa. Justamente com iniciativas como o Projeto de Lei encabeçado pelo (MCCE) Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral formado por 42 entidades. É tomando consciência da nossa força, como cidadão-eleitor, que podemos contribuir para a mudança. Claro que essa conscientização não cai do céu. É preciso buscá-la através da instrução, da leitura, da escola, da igreja, enfim da freqüência a ambientes sadios e da companhia de pessoas dignas.
Fora isso, só nos resta mesmo a constatação de Eça de Queiroz: “Os políticos e as fraldas devem ser mudados constantemente e pela mesma razão”

José Moreira Filho
Acadêmico da ALAMI
moreira@baciotti.com

23 de outubro de 2009

O Valor da Experiência

O VALOR DA EXPERIÊNCIA

O tempo não nos dá tempo. Marcha inexorável e ininterruptamente, cabendo a nós nos posicionarmos nele na medida que nos aprouver. Cabe-nos também a sabedoria de controlar os fatos sobre os quais temos poder. É verdade que sobre uma parte, talvez 10%, não temos controle. Acontecem à nossa revelia. Porém a grande maioria está sob nossa administração.
Aqui entra a experiência. É ela que, se bem aproveitada, nos capacita a controlar os acontecimentos em nossa vida, dispondo-os a nosso favor. E para o bom aproveitamento da experiência é necessário usar nosso tino, nosso espírito de observação, enfim, a sabedoria.  Por isso os jovens erram tanto. Pois agem por impulso, intempestivamente, o que é na verdade, próprio de sua idade. Muitas vezes vão na onda e pagam caro por sua insensatez. Inclusive, vale observar, por tudo isso até pagam mais caro pelos seguros de seus veículos.
Uma aliada forte da experiência, é sem dúvida a paciência. É ela que nos dá o tempo necessário para observar o que se passa conosco e nos abre os olhos para diferir experiência de informação. Isso é necessário, pois a informação sacrifica a experiência. Uma vez que a informação se passa no mundo e a experiência se passa em nós. A experiência é criativa e solidificante, ao passo que a informação é volátil e efêmera. Enquanto não conseguirmos trocar nossa informação por experiência não presenciaremos nenhuma mudança substancial em nossa sociedade e a nossa educação está carente disso. Na verdade somos uma sociedade informada. Com informações informatizadas que aniquilam o tempo para experiência. Como a sociedade tem pressa, então não tem paciência.
Assim sendo faz-se necessário não confundir experiência com informação, com trabalho ou com ócio. A Informação é estéril, o trabalho é repetitivo e o ócio é inerte; enquanto a experiência é criadora, dinâmica e fecunda. Pois conforme nos diz Heidegger, se bem o entendemos, a experiência é estimulante e transformadora. Então experienciar é nos abrir aos acontecimentos, esse fato implica em receptividade. Portanto não podemos nos impor mas nos expor. Como o homem moderno é vítima da informação, desde o tempo que vai fazer no dia seguinte até a pasta de dentes que deve usar, fica sem disponibilidade para a experiência.
Por outro lado cabe-nos pensar também o saber, fruto  da experiência, que é mais consistente, embora pessoal, individual e único. Mas que poderá se tornar coletivo e social além de benéfico e útil, desde que corretamente certificado pela ciência.
Hoje, felizmente podemos constatar que a sociedade, embora timidamente, tem se dado conta do valor da experiência. Algumas empresas, por confiarem na sabedoria  dos idosos, tem admitido aposentados em seus quadros. Nossa sociedade está começando a entender que ser idoso não quer dizer ser velho. Pois enquanto o idoso sonha com o futuro tendo olhos brilhando  iluminados pela esperança , o velho dorme acomodado nas  sombras do passado.
O sábio não se envelhece com o passar dos anos, mas se enriquece.

José Moreira Filho
Acadêmico da ALAMI
moreira@baciotti.com

16 de outubro de 2009

O Poder

Se buscarmos no Houaiss, vamos encontrar, para essa palavra, entre outras, as seguintes definições: possuir força física ou moral, ter influência, valimento, ser capaz de, estar em condições de... Pois bem, e pensar que é em torno dessa pequena palavrinha que gira o mundo. Todos almejam o poder. Consciente ou não, todos buscam-no. Desde as crianças até os mais poderosos governantes das maiores nações.

Assim, é necessário refletirmos sobre suas variações. Entendo que podemos considerar, num aspecto bem geral, pelo menos, quatro modalidades de poder: o econômico, o político, o espiritual e o moral. Isso porque  quaisquer outros tipos que considerarmos, estarão relacionados com algumas dessas modalidades. O econômico, de maior influência, pois num mundo quase todo capitalista não poderia ser diferente, é o que nos acompanha do nascimento até a morte. É em nome, ou por causa desse poder que se mata tanto, que se rouba, que se avilta a pessoa humana em todos os sentidos e que se fere e deforma o Plano da Criação.

Derivado do poder econômico temos o poder político. Digo derivado porque, quem tem dinheiro consegue o poder político por meio da compra do voto e das enganosas campanhas milionárias. E daí, uma vez de posse desse poder, consegue aumentar ainda mais o seu poderio econômico, até porque precisa reaver os gastos de campanha. Ou somos ingênuos de pensar que se gastam fortunas numa campanha política apenas pelo orgulho de ascender-se a um cargo público ou mesmo por magnanimidade?

Quanto ao poder religioso, não difere muito dos anteriores. Desde os primórdios cristãos, a história nos dá conta dos abusos do poder religioso. Basta darmos uma olhada na instituição chamada Inquisição, onde vemos em muitas situações a Cruz se misturar com a Espada. E em nome de Deus pessoas sendo queimadas vivas. Ter poder, é ter mando. É ter influência.  E esse sentimento nunca andou de braços dados com a humildade. O poder corrompe, mascara, deforma a personalidade  e mostra uma postura orgulhosa travestida de humilde, de honesta e de legal. Contra esse perigo o detentor de qualquer poder deve ter sabedoria para não se contaminar e ter humildade para reconhecer a sua própria falibilidade. O poder religioso até poderia sustentar que Cristo é o caminho, mas que ninguém fosse pedágio.

Finalmente podemos considerar o poder moral. Esse sim é que deveria embasar todos os outros. O poder político teria muito mais sustentabilidade se se firmasse na solidez de posturas corretas, coerentes e éticas. Por que o nosso Congresso está na UTI ? Isso foi atestado até mesmo pelo seu Presidente, há algum tempo atrás,  (Cf. Veja, n.º 13 de 02/04/08-páginas amarelas). Poder econômico não lhe falta, nem mesmo o político, mas está apoiado em mentiras, em falcatruas, por isso desacreditado. Os noticiários estão cheios de detentores de poder político sendo algemados e enchendo os camburões da polícia federal. Alguém ainda se lembra da  Operação Pasárgada?   Tudo isso,  simplesmente porque não mesclam o seu poder político com a ética. Com uma conduta ilibada e patriótica.

Não podemos negar que o poder fascina. Muito já se escreveu sobre isso. Existem livros e livros abordando esse assunto. Os 5 passos para o poder pessoal, O poder do sub consciente, O poder da identidade, O poder global... só para citar alguns títulos.

Penso que seria muito bom, que faria muito bem para toda a sociedade se aprendêssemos a cultivar O PODER DO CORAÇÃO !

José Moreira Filho
Acadêmico da ALAMI
moreira@baciotti.com

2 de outubro de 2009

O Pensamento Eficiente

Você já parou alguma vez para refletir sobre o pensamento? O que seria esse processo eletroquímico que impulsiona o mundo? Pois na verdade, tudo que ocorre no mundo, tem seu princípio nessa fração de segundo, quando um neurônio excitado formula e transmite uma informação. Daí surgem as idéias, que se agrupam, se ordenam e se multiplicam, provocando os fatos. E os fatos nos envolvem. Neles participamos ativa ou passivamente, dependendo do nosso grau de conscientização. Às vezes deixamos acontecer e nos contentamos só em reclamar. Não nos damos o trabalho de pensar. É comum ouvirmos a expressão: Ah! não quero nem pensar. Porque pensar dá trabalho. Principalmente se quisermos pensar logicamente. O grande racionalista Descartes, descobriu que existia, porque concluiu que pensava - cogito ergo sum. E nós no Brasil estamos carecendo muito de descobrir que existimos. Que estamos vivos e precisamos assumir as rédeas de nossa história.
Bem, mas pensar só não é suficiente. É preciso pensar com lógica e conjuntamente. É preciso encontrar uma alternativa de poder, sempre democrática, mas premiada pela ética, que privilegie a participação direta do cidadão, que o faça sentir realmente dono de seu destino, responsável pelas realizações governamentais.  Medidas tomadas nas caladas das noites, processos votados sob a égide de negociatas clandestinas, só aumentam a apatia política da sociedade. É preciso pensar, para o Brasil contemporâneo, um modelo que resgate a eficiência da democracia participativa. Que concretize a cidadania, sob pena de se avolumar cada vez mais, a desconfiança na suficiência desse modelo para a solidificação de uma democracia plena.
Portanto, é necessário o exercício do pensamento para conseguirmos extirpar o mito de que votando no “menos ruim” estamos cumprindo o nosso dever de cidadão. Essa teoria, na verdade, está tão somente retirando dos políticos todo o ônus das mazelas sofridas pela sociedade e jogando-o sobre os ombros do cidadão-eleitor que não sabe escolher seus representantes. Assim, o cidadão passa de vítima a culpado.
Isso posto, se refletirmos sobre nossa situação política, iremos saber que existem alternativas para o modelo democrático atual e que talvez possam ser melhores para o nosso caso. Podemos sim abdicar desse regime, sem no entanto ter que cair no outro extremo e ter que aturar regimes totalitários. Mas também sem ter que assistirmos a um regime de direitos de grupos, que em nome dessa democracia, privilegia determinados setores em detrimento de outros. Saberemos ainda que é natural essa situação se considerarmos a crise de legitimidade vivida pela democracia no final do século XX.
Cabe-nos portanto “esquentar a cabeça” , por os neurônios para funcionar e trocar as idéias surgidas. Com sinceridade e sem partidarismo. Com otimismo e sem vinganças políticas. Com diálogo, mas com firmeza de posições e conhecimento de causa.
Assim podemos lembrar daqueles dois viandantes que se cruzam em uma estrada, cada um com seu lanche e uma idéia na cabeça. Se trocarem o lanche cada um seguirá com apenas uma refeição, mas se trocarem as idéias, cada um seguirá seu caminho com duas idéias.

José Moreira Filho
Acadêmico da ALAMI
moreira@baciotti.com

26 de setembro de 2009

Evolução

O homem foi criado para ser feliz. Esse foi o objetivo de Deus. O Criador, na sua infinita sabedoria, ao criar o homem dotou-o de livre arbítrio, para que suas ações fossem avaliadas. Assim, quando o nosso cão nos defende de um inimigo ele não tem que ser elogiado por esse fato, pois o motivo que o levou a isso foi o seu instinto. Porém, o homem que é racional, livre e emocional, esse sim, quando pratica uma boa ação é digno de nota e quando pratica o mal merece ser castigado. Pois ele pode ter a liberdade de escolha e o faz embasado em sua formação moral, religiosa e psicoemocional adquirida com o passar dos anos. Mas o homem pode evoluir. É uma condição intrínseca ao seu ser. Sabemos também que ele é um animal político por excelência. Portanto carece do convívio de seus semelhantes.
Se observarmos as pedras soltas do leito dos rios veremos que  são roliças, isso porque com o passar dos tempos a correnteza se incumbe de atirar uma contra as outras o que vai aparando suas arestas. Com isso o atrito vai diminuindo gradativamente até parecerem simples esferas engraxadas. Assim também o homem precisa de seus semelhantes para que nos esbarrões, encontros e embates tenham suas arestas aparadas.
Assim, cabe-nos usar  nossa inteligência e razão para aproveitarmos o atrito com um irmão para dar mais um passo na nossa evolução espiritual.
Às vezes fico imaginando como seria bom se nossa sociedade fosse como uma colméia  onde na convivência permanente, no vai e vem do dia a dia fôssemos nos  conhecendo, percebendo claramente as limitações de cada um e contribuindo para que as mesmas fossem aperfeiçoadas.
Nós fomos criados como pedras brutas, mas temos que aproveitar o rio da nossa vida para em contato com nossos semelhantes nos burilarmos e aperfeiçoarmos nosso espírito. Darmos cada dia um novo passo na nossa evolução espiritual. Não deixar nunca que minha diferença com alguém seja motivo de desânimo ou desarmonia para o meu crescimento como pessoa. Eu sou inteiramente responsável pelos meus atos. Não dá para encobrir os meus defeitos evidenciando os dos outros. Nós temos um compromisso com Deus – sermos felizes. Para isso temos que descobrir onde está a felicidade. E quase nunca ela está onde a colocamos
Estamos vivendo épocas difíceis. O momento sócio-político que vivenciamos, para não dizer só o econômico, deixa-nos deveras tensos. Em vários canais de televisão, o que vemos só nos aumenta o pânico em relação a nossos filhos e netos. Destaque atualmente para os horrores da pedofilia. A justiça é clamada aos quatro ventos e o eco é mal ouvido. A pressão no trabalho é grande para quaisquer que sejam  nossas atividades. Não obstante tudo isso, ao adentrarmos a porta do nosso lar tudo deve ficar lá fora. Devemos nos lembrar que todas as nossas ações são geradas em nossa cabeça, em nosso cérebro, através de nossos pensamentos. Se biologicamente somos o que comemos, espiritual e filosoficamente somos o que pensamos. Portanto, se gerarmos bons pensamentos, produziremos boas ações e consequentemente poderemos minimizar o efeito maléfico do mundo-cão.
Por finitos que somos, não nos é dada a opção de sermos perfeitos, mas que, pelo menos, sejamos justos.
José Moreira Filho
Membro da ALAMI
moreira@baciotti.com

16 de setembro de 2009

A (Des)obrigatoriedade do Voto

Sem dúvida é fato polêmico. Há tantos que defendem a obrigatoriedade e há outros tantos que defendem a facultatividade do voto. Entendo que o dever do voto, traz em si um ranço de ojeriza ao processo eletivo, alvo dessa obrigatoriedade. Seria fator de maior maturação cívica o voto por desejo que por obrigação, se é esse um argumento dos que defendem o voto compulsório. Além disso sabemos que inúmeras nações democráticas respeitam o direito do eleitor de não querer votar. Afinal, se é um direito, deve ser-me permitido usufruir dele ou não. É democrática essa decisão.
Outro fator importante que fortalece o voto facultativo é o de se induzir os candidatos a despender a seus eleitores mais sinceridade, mais honestidade nas promessas bem como mais transparência nas atitudes, para despertar no eleitor o desejo de ir às urnas. E mais, o eleitor que vai às urnas por livre e espontânea vontade, certamente está mais consciente e não vai anular seu voto. E o voto nulo é um claro sinal de desinteresse do cidadão pelo processo. Só para dar um exemplo, nas eleições de 1998 esse somatório atingiu o índice de 40,19%.
Com a desobrigatoriedade do voto todos saímos ganhando. Ganham  o candidato, o eleitor e a nação que sai com sua  democracia mais fortalecida. Sabemos que hoje,  uma parcela de nossa sociedade já exerce esse direito puro e simplesmente, é o caso dos menores de 16 a 18 anos e dos maiores de 70, e sem o medo de serem punidos ou terem que passar pelo trabalho da justificativa, caso não cheguem até às urnas em tempo hábil.  Não nos esquecendo ainda, que o voto não é a única expressão de cidadania.
Deixemos, portanto, ao cidadão, apenas a obrigatoriedade de ser eleitor.  Ser portador desse documento que lhe franqueia uma série de facilidades no exercício de sua cidadania. Mas deixemos também ao seu arbítrio a opção de exercer ou não o sublime direito de escolher os mandatários de seus destinos políticos. Essa é uma prerrogativa inerente à cidadania. Irrevogável e intransferível.
O ideal seria fazermos  uma prévia consulta à população através de um plebiscito, no qual democraticamente ficaria patente o desejo da população a respeito de tal assunto. Resta sabermos se isso interessa aos grupos políticos majoritários, caso contrário, Inês  é morta !

José Moreira Filho
Acadêmico da ALAMI
moreira@baciotti.com

6 de setembro de 2009

(In)dependência ou Sorte?

(IN)DEPENDÊNCIA OU SORTE ?

A propósito da famigerada data que comemoramos , cabe-nos , se não o dever, o direito de exprimir algumas considerações.
Há exatos 187 anos, um príncipe, imbuído de exacerbado ufanismo e tendo o nobre orgulho ferido, disse uma frase: INDEPENDÊNCIA OU MORTE.
Hoje, diante de tudo que presenciamos no cenário nacional, parece-nos  que optamos pela morte. Infelizmente uma morte lenta e  gradual, pois em doses homeopáticas nossos governantes desde aqueles idos tempos, têm nos administrado o terrível veneno do desprezo. Pois vejamos:  querem maior desprezo do que decretar a pena de morte a alguém sem julgamento e depois esquartejar seu corpo e espalhar as partes pelas estradas? Ou seqüestrar um cidadão qualquer – exemplo, um jornalista – depois matá-lo e simular um suicídio na prisão? Ou ainda brincar com  o salário mínimo de espicha–encolhe? O parco e sagrado recurso que têm os menos favorecidos para sobreviver?  E o veneno mais forte ainda, o de  julgar estultos a todos nós, nos brindando com bate-bocas em momento e lugar em que  deveriam estar cuidando de nossos interesses, ou ainda vindo à televisão e afirmando coisas que são no dia seguinte, ou até antes, comprovadamente mentiras?
Como brasileiro sinto-me traído e ofendido, o que acredito acontecer com todo cidadão de bem desse país. Como penso que a ofensa se mede pela pessoa ofendida, essa ofensa é brutal. Pois os nossos representantes, aqueles que deveriam defender com todas as forças nossa independência, o fazem sim, mas apenas para si mesmos e para seus apaniguados, ofendendo não um coleguinha de escola  com uma bobaginha  qualquer, mas ofendendo sim, mais de 190 milhões de brasileiros, na maioria honestos, trabalhadores e tementes a Deus. Assim essa ofensa é do tamanho do nosso país. Portanto Senhores Congressistas componentes das várias CPIs, CONSELHOS, LIDERANÇAS, ETC., façam justiça! Não deixem que sejamos roubados no que nos dá mais orgulho – nossa dignidade. Senhores Congressistas, o povo não está preocupado de onde sai tanto dinheiro, ou para onde ele vai. Até porque isso não vai fazer diferença no nosso dia-a-dia. O povo está preocupado, sim, com a nossa história. Não queremos passar para os anais da História como o país da corrupção, da desfaçatez e da impunidade.
Oxalá pudéssemos, no próximo  setembro,  estar com a espada da esperança no alto e não tendo que ficar apenas na espera da sorte. Que possamos ser realmente  senhores do nosso destino, com democracia plena e cidadania de fato. Que não tenhamos que optar, como tem sido até agora, entre  (in)dependência ou sorte.

José Moreira Filho
Acadêmico da ALAMI
moreira@baciotti.com

28 de agosto de 2009

O Homem e a Natureza

Desde que o homem apareceu na face da terra, aproximadamente há um milhão de anos, que ele vem tendo com a natureza uma relação direta. Podemos até imaginar uma fórmula simples que nos  mostra pedagogicamente  essa relação. Seria: H < N ;  H = N ;  H > N e  H ? N, onde o H representa o homem e o N a natureza. Pois bem, no início da pré-história, o homem era menor que a natureza, (H < N) ou seja, sofria com as agruras do tempo. O frio o castigava, as tempestades o apavorava e os animais o devorava. Depois o homem  equipara-se a natureza, (H = N). Se identifica com ela e vive em harmonia. Para se livrar das tempestades, abriga-se nas cavernas, para amenizar o frio, faz fogueiras, para se alimentar colhe frutos e já abate animais. Sua preocupação única era sobreviver. Em seguida usando sua inteligência e habilidades passa a dominar a natureza, (H > N). Aí sim, resolve com técnicas e invenções muitos dos problemas que o afligia. Consegue colheitas mais abundantes, supera as dificuldades com as intempéries usando as mais sofisticadas invenções e até encurta as distâncias, perfurando montanhas, construindo navios e aviões. Controla a natureza, inclusive fazendo chover.
Hoje, porém, sabemos que essa relação do homem com a natureza é agressiva, é altamente prejudicial a ela e a nós. O modelo de civilização adotado é altamente danoso ao meio ambiente. Ao procurar facilidades e conforto o homem abre mão de uma vida mais natural, principalmente com relação à alimentação. Ao preferir o automóvel, o homem não caminha. Ao preferir o fast-food, não dá ao seu organismo o tempo e a oportunidade de uma digestão completa e satisfatória. Ao preferir a televisão, nega-se a si mesmo, a opção da reflexão. Da meditação. Hoje, desde a infância, tudo nos chega pronto. A criança não constrói mais seus brinquedos, a comida é encontrada pronta e o pensamento já nos chega ruminado pela telinha. Hoje consideramos, com muita propriedade, o último item da fórmula: H ? N. O homem se encontra perdido diante da natureza. Não sabe o que fazer para, pelo menos, minimizar os efeitos terríveis causados pelas respostas da natureza a séculos de agressões provocadas pelo homem.
No entanto, é sempre bom lembrar, que as ações daníficas do homem contra a natureza, não são frutos de ignorância ou incapacidades. São sim falta de boa vontade, especialmente política, de nossos administradores públicos. Acrescendo-se a isso uma forte dose de ganância, de egoísmo e de falta de urbanismo por parte de muitos capitalistas que, que por “n” razões, tem em suas mãos o destino de fortunas consideráveis no mundo.
Mais uma vez, venho bater na velha tecla, que ao meu ver, é a única opção para a médio prazo, salvar as futuras gerações de uma catástrofe: a educação. Colocarmos na cabeça de nossas crianças que a água, a terra, o ar, as árvores são sinônimo de vida. Que se destruirmos esses elementos, estaremos destruindo a nós mesmos. Ou veremos concretizar as previsões de São João no seu livro canônico – Apocalipse.

José Moreira Filho
Acadêmico da ALAMI
moreira@baciotti.com