4 de março de 2013

Patool - ou você quer mesmo lembrar a sintaxe de todos os compactadores de arquivos?

Recebido pelo Dicas-L

Patool - ou você quer mesmo lembrar a sintaxe de todos os compactadores de arquivos?

Colaboração: Cesar Brod

Data de Publicação: 04 de março de 2013

É, meu amigo, você já dominou toda a sintaxe do tar e está extraindo comandos no formato bz2, tgz e tantos outros. Você se acha o máximo até começar a receber programas compactados nos formatos 7z, ace... Dá-lhe Google e man pra entender isso tudo! Ou não! Instale o patool.

O patool é escrito em Python e, por isso, a melhor maneira de instalá-lo é com o pip (utilitário para a instalação de programas em Python):

    sudo pip install patool  

Não tem o pip? Fácil!

    sudo apt-get install python-pip  

Aceite a instalação de todas as dependências que o apt-get sugerir.

Agora vem a verdadeira moleza! Recebeu um arquivo no formato SHN (.shn)? Descompacte-o assim:

    patool extract arquivo.shn  

Qualquer arquivo que esteja nos formatos 7z (.7z), ACE (.ace), ADF (.adf), ALZIP (.alz), APE (.ape), AR (.a), ARC (.arc), ARJ (.arj), BZIP2 (.bz2), CAB (.cab), compress (.Z), CPIO (.cpio), DEB (.deb), DMS (.dms), FLAC (.flac), GZIP (.gz), LRZIP (.lrz), LZH (.lha, .lzh), LZIP (.lz), LZMA (.lzma), LZOP (.lzo), RPM (.rpm), RAR (.rar), RZIP (.rz), SHN (.shn), TAR (.tar), XZ (.xz), ZIP (.zip, .jar) e ZOO (.zoo) são tratados pelo patool.

Você pode, inclusive, extrair mais de um arquivo de uma vez, independente de seu tipo:

    patool extract arquivo1.zip arquivo2.jar  

Como o patool usa o comando file para determinar o tipo do arquivo, não importa, por exemplo, se um arquivo tem a extensão tgz ou tar.gz. É a informação "interna" do arquivo, obtida pelo comando file, que dirá ao patool o que fazer. Nunca usou o file? Experimenta:

    file arquivo.extensão  

Para compactar um arquivo use a sintaxe a seguir:

    patool create arquivo.zip pasta  

arquivo.zip é o nome do arquivo resultante da compactação da pasta que você escolheu. Neste caso, a extensão é lida pelo patool para ele saber qual comando deverá usar.

Você também pode converter entre tipos de arquivos compactados e ajudar aquele seu amigo que só sabe lidar com arquivos .zip:

    patool repack linux.tar.gz linux.tar.zip  

Se você conhece a linguagem python, vale a pena dar uma olhada na forma como o patool foi construído:

    less /usr/local/bin/patool  

Para mais informações, você já sabe:

    man patool  

Não deixe de visitar a página do projeto.

Cesar Brod gosta de Python, ainda que ache PHP a melhor linguagem de programação do mundo.


Steve Jobs, Evernote e Funções ZZ

== Lista Sistemas - Segunda, 04 de março de 2013

Bom dia,

Faz tempo que não posto. Vamos começar de novo...

Steve Jobs ganha biografia em Mangá

12 erros que matam qualquer apresentação
Acho que vale para professores também...

Evernote foi hackeado...

Funções ZZ
Usei muito isso no passado. Vou dar uma olhada nessa versão nova...

12 de setembro de 2012

Como preparar e conduzir apresentações


O professor José Humberto, meu colega, publicou um documento a respeito de técnicas de apresentação. O título é Como preparar e Conduzir Apresentações.

É um arquivo bem interessante que pode ser útil aos alunos que estão se preparando para as apresentações dos Trabalhos de Conclusão de Curso, os famosos TCCs do fim ano.

Alguns pontos abordados no documento:

  • Recursos instrucionais
  • Métodos de exposição/abordagem
  • Processo de preparação da apresentação
Documento curto e objetivo, 12 páginas apenas.


Coloquei no Google Docs.

Clique aqui para baixar.

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2 de setembro de 2012

Apostila de Exercícios do Curso de Terminal Linux

Em maio deste ano realizamos na Feit-Uemg Ituiutaba um curso de introdução ao terminal Linux. O curso foi focado 100% em linha de comando e teve 4 horas presenciais mais 16 horas a distância.
A metodologia utilizada foi a solução de "desafios" durante a aula prática, onde os alunos tinham um tempo para pesquisar, recebiam algumas dicas e no final mostrávamos a resposta.
Se interessar para alguém, anexo a este post estão todas as atividades desenvolvidas durante o curso. Acredito que é uma forma de iniciantes no Linux praticarem.

O arquivo principal é o Curso Terminal Linux.pdf

Clique aqui para baixar os arquivos PDF.

Link Alternativo (Dropbox)

Depois de abrir é só clicar em Arquivo-->Fazer Download

A propósito. Montamos esse mesmo treinamento mas com aulas online! Temos ainda algumas vagas gratuitas! Cadastre-se:





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Técnica Pomodoro

Retirado do excelente site Vida Minimalista!

[Fonte: Técnica Pomodoro:]

A técnica Pomodoro é uma ferramenta para gerenciar o tempo de maneira simples e produtiva. O método consiste em trabalhar com foco e sem interrupção durante um período de 25 minutos e descansar 5, totalizando 30 minutos, período este nomeado de ‘Pomodoro‘. Uma sessão completa consiste em 4 pomodoros, totalizando assim 2 horas de trabalho produtivo.
O método foi desenvolvido pelo italiano Francesco Cirillo, que utilizou um simples cronômetro de cozinha em forma de tomate (pomodoro em italiano), o que deu nome à técnica. Após algumas experiências com diferentes tempos, Cirillo chegou à conclusão de que 25 minutos eram ideais para se completar uma tarefa de forma produtiva.
O italiano também determinou os 5 passos essenciais para se aplicar a técnica:
  1. Escolher a tarefa a ser executada (podemos associar ao GTD)
  2. Ajustar o alarme para 25 minutos
  3. Executar a tarefa durante o tempo de 1 pomodoro
  4. Fazer a pausa de 5 minutos
  5. Após 4 pomodoros (25+5 minutos) fazer uma pausa longa de 15-30 minutos
Cada etapa tem sua importância, desde a escolha da tarefa a ser realizada até o registro de cada uma delas concluída. Assim é possível, no final, fazer uma avaliação da produtividade. Como escrevi no artigo anterior, é importante que determinemos as principais tarefas a serem realizadas no dia e, dependendo de como elas serão executadas, pode-se usar tranquilamente a técnica Pomodoro. Vejamos um exemplo:
Você acorda e determina que as principais tarefas do dia são:
  • Escrever um post no blog
  • Ler um artigo para a faculdade
  • Organizar os arquivos do computador e fazer backup
  • Limpar a casa
Todas as tarefas podem ser realizadas no mesmo ambiente, ou seja, sua casa, e você nesse dia tem 2 horas livres. Usando a técnica Pomodoro, você realizará cada tarefa em 25 minutos, dando um intervalo de 5 minutos entre cada uma delas. Em apenas 2 horas você terá feito 4 tarefas que talvez se não tivesse o foco, não seriam realizados em tão pouco tempo. E o melhor, é que como há o tempo de pausa, não se torna cansativo.
Durante a pausa é recomendável que se faça uma outra atividade diferente da tarefa executada. Se durante 1 pomodoro você ficou sentado em frente ao computador escrevendo um artigo (como estou agora), nos 5 minutos de pausa levante-se, caminhe pela casa, faça algo relaxante. Escute uma música, feche os olhos, cheque o facebook (vício), mas não execute nenhuma outra tarefa antes de acabar o tempo de pausa, mesmo achando que não está cansado e que pode emendar duas tarefas. Respeite a pausa.
Há diversos sites que ensinam a técnica, mas o oficial é esse. Há também diversos aplicativos para iPhone, Extensões para Chrome, mas qualquer cronômetro por mais simples que seja é o suficiente para marcar o tempo da atividade. Não complique! Uma dica muito bacana é o site Pomodoros, que com um simples cadastro gratuito, é possível registrar as tarefas de cada Pomodoro e ativar o cronômetro, tendo controle assim de cada tarefa executada e de quantos pomodoros já foram executados.
Não deixe de experimentar a técnica! Associada ao GTD é excelente, pois enquanto o método do David Allen se preocupa em organizar todo um sistema de administração de tarefas, o Pomodoro viabiliza a execução.
Algumas dicas importantes para a execução:
  1. É extremamente importante que durante esse tempo não haja nenhuma distração. Feche todos os navegadores e desconecte-se do MSN
  2. Coloque o celular no silencioso e mantenha o foco em apenas uma tarefa.
  3. Tenha a certeza de que o ambiente está propício e de que não haverá nenhuma interrupção como pessoas interrompendo, telefones tocando ou barulhos demais no local.
  4. Mantenha uma garrafa de água por perto e certifique-se de que todo o material necessário à execução da tarefa está em mãos, para que não seja necessário levantar-se provocando a dispersão.
  5. Mantenha um bloco de anotações para registrar as tarefas concluídas.
Não se preocupe com a técnica, mas sim com a execução. Nunca se esqueça de que quanto mais simplificamos, mais produtivos nos tornamos. Não espere que todas as condições sejam propícias para o início da execução de uma tarefa. Ao invés disso, crie o ambiente ideal.
A técnica não necessariamente precisa ser aplicada com 4 Pomodoros. Caso você tenha apenas uma, não deixe de usar o sistema. Com o tempo você vai acabar se acostumando com a sensação de dever cumprido após terminar um Pomodoro, que instintivamente ficará mais focado em cada tarefa, mesmo sem estar realmente utilizando a técnica. É uma forma maravilhosa de exercitarmos nossa produtividade.
ATENÇÃO: O link do feed mudou! Se você havia se inscrito anteriormente pelo Estudante Minimalista, favor realizar nova inscrição para o Vida Minimalista clicando AQUI. Em breve o link antigo será removido e apenas quem está inscrito no novo continuará recebendo as postagens. Caso não tenha inscrito ainda, clique aqui! :)

1 de setembro de 2012

O Movimento Vagaroso.

[Fonte: O Movimento Vagaroso.: ]

Ando devagar porque já tive pressa.
Levo esse sorisso porque já chorei demais.

Tocando em frente (Almir Sater)



Desenho
O Movimento slow começou com o slow food (comer devagar) e se espalhou para todos os setores da vida: andar, dirigir, trabalhar, faxinar, conversar...Fazer tudo aquilo que normalmente fazemos mais rápido e sem prestar atenção.

O Movimento Slow tem muito a ver com a premissa ensinada por Buda de que é preciso estar presente 100% na vida, em tudo que fazemos ao que ele chamou de mente plena ou mente atenta.

Parece que há tempos atrás nossos avós ou bisavós viviam de forma mais vagarosa, ainda que trabalhassem muito eles faziam o que podiam fazer com as ferramentas que tinham. Hoje temos mais ferramentas que fazem o trabalho pesado por nós, ferramentas que facilitam nossa vida. Fazem mais coisas e mais rápido. Mesmo assim parece que o tempo de que dispomos é insuficiente. Talvez a noção que tenhamos de tempo esteja viciada. Precisamos repensar nossa noção de tempo e desacelerar aos poucos.

A nossa mente também sofre grande pressão para estar muito tempo acelerada, agitada. O que isso nos traz é muita dor de cabeça. Se não temos tempo para refletir e observar nossas ações e pensamentos podemos agir de forma irascível, explosiva, agressiva apenas porque nos sentimos pressionados a dar uma resposta a alguma provocação ou situação de demanda diária. Nem sempre precisamos responder de pronto a tudo. Podemos pedir um tempo para pensar melhor sobre o que responder.

A vida acelerada gera ansiedade, estresse, doenças, cansaço físico e mental e para nos livrarmos desses estados buscamos compensações nem sempre saudáveis como comer mais, fumar, beber no final do dia para relaxar, etc.

Podemos nos conectar com uma vida mais vagarosa praticando os princípios do zen budismo.e uma das praticas mais acessíveis no processo de desacelerar a mente pode ser a meditação zen budista.
Nos retiros zen budistas experimentamos o movimento vagaroso há muito tempo. Fazemos as atividades de forma mais lenta que no dia a dia. Observando cada movimento e vivenciando a atenção plena em cada ação.


Varrendo no ritmo da respiração.

Experimente no seu dia a dia, na sua casa e veja o que rola. Experimentar pressupões não só tentar fazer mas testar e ajustar as ações de modo a serem apropriadas para você para quem convive com você. Assim você vai saber a melhor forma de agir. O que funciona para melhor para você e como funciona. Vá devagar e continue tentando, sempre.

27 de agosto de 2012

Resenha: Eu mexi no seu queijo, de Deepak Malhotra

[Fonte: Resenha: Eu mexi no seu queijo, de Deepak Malhotra:]

Há mais de dez anos, o best-seller Quem mexeu no meu queijo? conquistou o mundo com a fábula sobre aceitar mudanças que, às vezes, são inevitáveis. Agora, Deepak Malhotra, professor da Harvard Business School, contraria totalmente essa lógica com o livro objeto da resenha do dia de hoje, Eu Mexi no Seu Queijo.
Nesta nova fábula, há três ratos – Max, Zed e Big – no labirinto que, em vez de se conformarem com a realidade e perseguirem incansavelmente o queijo, se recusam a aceitar as limitações e as situações que lhes são impostas. Eles ensinarão que é possível assumir o controle da própria vida e jogar de acordo com as próprias regras.Vamos ver do que trata o livro? :D
Informações técnicas
Título: Eu mexi no seu queijo

Número de páginas: 123
Editora: Best Seller
Preço médio: R$ 25
O subtítulo do livro é “Para aqueles que se recusam a viver como ratos no labirinto alheio”, e o propósito declarado da obra, como o próprio título diz, é  fazer um contraponto ao best seller escrito por Spencer Johnson. Nesse livro de Spencer, o autor ensina que mudanças acontecem e que devemos aceitá-las, pois estão além de nosso controle. O que podemos controlar, em última análise, seria a nossa reação.
Deepak, ao escrever esse título, propõe um novo objetivo:
“Ajudar os leitores a questionarem suas suposições em relação a quais são as limitações que eles realmente enfrentam, e encorajá-los a adotar as medidas necessárias para mudar não apenas seus comportamentos, mas também as circunstâncias em que estão envolvidos. [...] Podemos criar as novas circunstâncias e realidade que quisermos, mas primeiro devemos descartar a noção muitas vezes arraigada de que não somos coisa alguma além de ratos no labirinto alheio” (p. 12-13).
O livro conta, então, a história de três ratos que vivem no labirinto: Max, Zed e Big.
Max é, por dizer assim, o “questionador”, aquele que não aceitava as coisas como todo mundo cegamente aceitava. Por que todos os ratos ficavam buscando o queijo dentro do labirinto como se isso significasse a própria busca pela felicidade? Por que o labirinto era projetado daquela forma? Por que ele continha tantos caminhos inúteis? Ele questionava todas essas situações, mas era prontamente desencorajado pelos demais ratos do labirinto, sob o argumento de que seriam perguntas inúteis.
Zed personificava o sujeito “zen”, conhecido por ser uma pessoa, quero dizer, um rato :) inteligente, sábio mesmo. Ele não se importava com o queijo, e não se sentia na obrigação de seguir os costumes e hábitos dos demais ratos.
“Zed era a prova viva de que alguém que parecia desafiar cada uma de suas crenças sobre o que era importante podia ainda ser feliz, e, de fato, ser mais feliz do que qualquer outro rato no labirinto” (p. 31, destacou-se).
Big também se destacava do meio da multidão, porque era o mais “fortão” da sociedade local de ratos. Era mais forte do que qualquer outro rato, e era assim porque trabalhou para isso. Ele não se importava muito com a busca frenética pelo queijo, que era o “padrão-ouro de felicidade” dos ratos locais. Ele se preocupava em desenvolver o seu já musculoso corpo. Tinha descoberto o que o fazia feliz, e não se importava se os outros o entendiam ou não.
Certa vez, houve uma aglomeração de ratos em torno de Zed, o sujeito sábio, e começou-se a travar uma discussão em torno do livro de Spencer. Zed enfureceu a multidão local, ao afirmar que os ensinamentos do livro “Quem mexeu no meu queijo” eram não só desimportantes, como irrelevantes. Isso porque, dentre outras coisas, todos os ratos foram condicionados a pensar que a busca pelo queijo era a única forma de buscar felicidade, e que o labirinto era uma realidade que todos deveriam aceitar. Zed então fez vários questionamentos:
“Ora, existem coisas muito mais interessantes e importantes para considerar – respondeu Zed, naturalmente. – Você alguma vez pensou sobre por que a mudança é inevitável? Você alguma vez se perguntou por que o labirinto é do jeito que é, qual a finalidade dele? Você alguma vez pensou em questionar por que os ratos passam a vida inteira à procura de queijo? Você alguma vez se perguntou, após constatar sua ausência, quem mexeu no meu queijo?” (p. 40, com destaque no original).
Logicamente, a reação dos ratos locais foi de indignação. Afinal, todos achavam que essas perguntas não faziam sentido. Todos, menos Max. Max, o “questionador”, ficou intrigado com essas questões levantadas por Zed, e tomou a decisão de buscar respostas para todas essas perguntas. Ele estava determinado a descobrir por que o labirinto era projetado de tal forma, por que o queijo se movimentava, e quem, afinal, mexia no queijo dele.
Não vou dizer como Max conseguiu sair do labirinto (afinal, isso seria como contar o final de um filme, leiam o livro e saberão…rsrs), mas o fato é que, ao conseguir sair do labirinto, ele descobriu que havia pessoas, seres humanos, que eram como os ratos, em sua personalidade e características psíquicas, e que projetavam os labirintos e a posição dos queijos para atender aos objetivos deles, seres humanos.
Max ficou encantando com suas descobertas, e as ia relatando para Zed:
“A vida no labirinto nos condiciona. Recusamo-nos a questionar nossas crenças em relação ao queijo ou em relação ao que realmente nos traria a felicidade. Em vez disso, aceleramos e saímos atrás de mais queijo. E a busca continua. No entanto, nós ratos não estamos sozinhos nisso. Todos os seres são assim, até mesmo as pessoas, que também têm seus labirintos. Elas também têm seu queijo, mas não usam esses nomes. Elas descobriram algo sobre os ratos, mas não percebem que suas vidas são similares. Elas, da mesma forma, aceitam o labirinto como inescapável e veem as paredes como intransponíveis. Elas, igualmente, se recusam a tomar atitudes e também não conseguem fazer as perguntas mais importantes. [...] Para os ratos que aceitam seus labirintos como inescapáveis, como uma prisão, não há decisões a não ser reagir aos desígnios dos outros. Mas para aqueles que se recusam a aceitar o labirinto como algo condicionado e que desafirão seu design, existe uma outra possibilidade: decidir agir (p. 65-67, sem destaques no original).
O mais interessante é que Max não só conseguiu sair do labirinto, como também aprendeu a linguagem dos seres humanos (esse rato é um perigo! rsrsrs) e, sem estes saberem, começou a mudar o que os administradores dos labirintos escreviam em suas instruções. Agindo assim, ele foi capaz de influenciar nas mudanças que eram feitas no labirinto. Mudou paredes, reprojetou o labirinto inteiro, acrescentou mais queijo… tudo com o (nobre) objetivo de encorajar os ratos a descobrirem seus próprios objetivos. O fato é que, apesar de o novo labirinto ser melhor do que o antigo, os ratos ainda estavam sujeitos a regras externas. E então Max disse:
“Se apenas um rato decidisse, por conta própria, que não iria mais buscar o queijo cegamente, ele estaria livre. Eu não teria controle sobre ele. Minhas regras seriam irrelevantes” (p. 72, destacou-se).
Assim, como Max, Zed também conseguiu sair do labirinto, mas de uma forma totalmente diferente (not, leiam o livro…rsrs :D ). Max ficou intrigado como Zed havia conseguido transpor o labirinto daquela forma, ao que Zed sorriu, e disse simplesmente:
“- Veja, Max, o problema não é o rato estar no labirinto, mas o labirinto estar no rato” (p. 85).
Big, o maior rato já visto, também conseguiu sair do labirinto, tendo em vista que a quantidade crescente de ratos no local já estava atrapalhando seus treinamentos de força e resistência. Ele refletiu sobre a situação toda, e achou melhor também “dar o fora” (ele conseguiu sair do labirinto usando…rs).
Conclusão
Esse livro traz muitas reflexões interessantes. Por exemplo, há muitos labirintos que as pessoas acreditam ser externos, mas que, na verdade, são internos, como Zed disse de forma inteligente, ao afirmar que “o problema não é o rato estar no labirinto, mas o labirinto estar no rato”. A busca frenética pelo queijo pode nos cegar para os objetivos que realmente queremos para nossa vida: afinal, qual jogo você está jogando? É o jogo certo para você?
A escolha de objetivos pessoais e profissionais é crucial especialmente para os estudantes, e Malhota propõe a seguinte reflexão:
“Alguns dos maiores erros cometidos por estudantes em suas vidas estão relacionados às áreas profissionais que eles escolhem e aos empregos que buscam; e muitas dessas escolhas refletem pressões e expectativas externas. Infelizmente, muitos estudantes vão passar alguns anos – e outros a vida inteira – buscando sonhos que não são os seus” (p. 110, destacou-se).
Esse é um livro para ser lido e relido quantas vezes for necessário, e o fato de ser uma obra curta – menos de cem páginas – ajuda nesse propósito. Uma mensagem do livro particularmente relevante é essa: questione suas crenças: elas te libertam ou te limitam? Não é porque todo mundo de sua área de atuação faz o que está fazendo que você precisa seguir necessariamente pelo mesmo caminho. Lembre-se da busca cega pelo queijo dos ratos no labirinto. Será que não está na hora de você sair desse labirinto e viver de acordo com suas próprias regras? Você não precisa jogar o jogo dos outros para ser feliz.
Muito embora a maioria das pessoas prefira ficar aonde está, acredito que as ideias principais contidas no livro sejam bastante úteis e proveitosas para um seleto e pequeno grupo de leitores do blog. Se for esse o seu caso, vá adiante e aja. Agora. Pois de nada adianta ter uma boa ideia se ela não for colocada em prática. :wink:
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!

25 de agosto de 2012

A ÉTICA DE ANTÔNIO VIEIRA

[Fonte: A ÉTICA DE ANTÔNIO VIEIRA: ]




O Princípio da Honestidade no Brasil do
Século 21  



Carlos Cardoso Aveline



Acusado de “heresia”,
Antônio Vieira viveu
diversos anos preso em
cárcere mantido por cardeais

que torturavam e matavam em nome de Jesus


  


visão interior da meta antecede a ação.  Saber o que é
correto é mais fácil do que colocá-lo em prática eficientemente.

Assim, a chave ética para a transformação política da sociedade
não terá de ser descoberta em algum momento do futuro, porque já vem sendo
descrita e mostrada há milênios. 

“Não há nada de
novo debaixo do Sol”, diz a Bíblia. E um exemplo claro disso é que a questão da
existência ou não de ética na política – decisiva para o Brasil do século 21 –
já foi esclarecida corajosa e magistralmente pelo padre Antônio Vieira em um
sermão feito em Lisboa em 1655, por coincidência, alguns poucos  anos
antes de ele ser recolhido às prisões da Santa Inquisição portuguesa.

Polêmico como
todos os profetas, Vieira contou uma história para mostrar a diferença entre um
assalto comum e o roubo em grande escala. Disse ele que, certo dia, o imperador
Alexandre, da Macedônia, navegava em direção às Índias com sua poderosa frota
de guerra quando foi trazido à sua presença um pirata que andava roubando os
pescadores do mar Eritreu. Alexandre repreendeu o homem por suas atividades
desonestas. Mas aquele pirata do século quatro antes de Cristo não era medroso
nem tímido, e respondeu:

“Então, senhor,
eu, que roubo em uma barca, sou ladrão, e vossa excelência, que rouba com uma
frota inteira, é um imperador?”

Vieira citou a
seguir o comentário do filósofo Sêneca: “Se qualquer rei fizer o que fazem o
ladrão e o pirata, merece o mesmo nome que eles”. Para aquele padre português,
que serviu o Brasil como poucos, o que mais causava assombro e vergonha era ver
que os pregadores religiosos do seu tempo não defendiam a mesma doutrina. O
silêncio deles, dizia Vieira, era uma grave acusação contra os príncipes.

“Não são ladrões
apenas os que cortam as bolsas”, disse o padre, citando São Basílio. “Os
ladrões que mais merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os
exércitos e as legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das
cidades, os quais, pela manha ou pela força, roubam e despojam os povos. Os
outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam
correndo risco, estes furtam sem temor nem perigo. Os outros, se furtam, são
enforcados; mas estes furtam e enforcam.”(1)

Depois de
mencionar a responsabilidade dos líderes religiosos, Vieira comenta o papel dos
reis (e chefes de Estado) no processo da corrupção generalizada: “Aquele que
tem a obrigação de impedir que se furte, se não o impediu, fica obrigado a
restituir o que se furtou...”

Pouco mais de
trezentos anos depois da morte de Vieira, ocorrida em 1697, as palavras dele
continuam proféticas. Ao descrever a atuação dos administradores públicos no
vasto reino português do século 17, ele parecia falar também do nosso Brasil
republicano no início do século 21:

“Furtam de modo
permissivo, porque permitem que outros furtem, e estes compram as permissões.
Conjugam de todos os modos o verbo roubar...”

A desonestidade
nas relações políticas e a corrupção dos administradores públicos não são,
portanto, um fenômeno recente. Mas só um pessimista muito afastado da realidade
dos fatos pode ignorar que a transparência e a informação plena são a marca do
século 21, e que elas dificultam  a corrupção.



Ao mesmo tempo, é
impossível instalar a ética na política de modo estável e permanente enquanto
não houver ética nas relações econômicas e na estrutura social. Os avanços
tecnológicos das últimas décadas eliminaram grande parte dos obstáculos
materiais para uma vida melhor. Há muitas soluções simples que ainda não foram
adotadas pelos nossos líderes políticos apenas porque necessitam de uma dose
maior de honestidade e decência por parte de todos, e um pouco menos de egoísmo.

Por exemplo: a
produtividade da economia cresceu de modo extraordinário nos últimos 50 anos do
século vinte, mas o poder aquisitivo dos trabalhadores não aumentou na mesma
proporção, e o desemprego continua uma ameaça. Ora, há duas maneiras principais
de repassar o aumento de produtividade para o trabalhador. Uma é aumentar o
salário. A outra é diminuir a jornada de trabalho. Se esta idéia for colocada
em prática, o trabalhador terá mais tempo para o lazer e a cultura. Terá mais
qualidade de vida e chances de ser um cidadão melhor. O desemprego diminuirá e,
conseqüentemente, haverá menos crimes nas ruas.

Há uma outra
questão social decisiva para a vida política do País é, sem dúvida, a reforma
agrária. Não pode haver ética duradoura na política enquanto não houver justiça
social no campo, porque, afinal, todas as questões estão integradas.

As igrejas cristãs
e demais lideranças espirituais têm atuado pouco no campo da ética política, e
isto aumenta as dificuldades. No futuro próximo, porém, os espiritualistas
sintonizados com a energia do futuro assumirão com força crescente o seu dever
de irradiar, o mais rápido possível, honestidade e decência para os diferentes
níveis da sociedade brasileira. Este será ao mesmo tempo um teste para a
coerência das nossas lideranças espirituais, porque a pregação ética não tem
valor se não nasce de uma prática concreta.

Os gestos práticos
são, de fato,  o discurso mais eloqüente. E não se trata tanto de combater
o mal quanto de fazer e estimular o bem. Todo ser humano tem qualidades
positivas e negativas. A grande tarefa política é criar uma espécie de reação
química coletiva que faça crescer os sentimentos positivos entre as pessoas e
os setores da sociedade, de modo que as qualidades positivas entrem em
movimento e a negatividade perca espaço e acabe sendo transcendida. O desafio
do líder político da nova era é criar no cidadão um sentimento de confiança
vigilante em si mesmo, nos outros e no nosso futuro comum. Neste contexto, a
oposição entre esquerda e direita pode ficar reduzida em grande parte a um mero
jogo de palavras.

Até algum tempo
atrás, os movimentos políticos de esquerda pareciam quase donos da bandeira da
ética; mas atualmente há uma grande falta de heróis nessa área.

Os partidos
políticos não têm sabido interpretar nem encaminhar de modo eficaz o problema
ético, apesar de ele ser a questão central do processo político brasileiro. A
razão desta dificuldade é simples: o problema ético depende da consciência
interior de cada um e não pode ser resolvido apenas no plano externo da
política e do jogo das aparências.

A visão interna e
espiritual da realidade é indispensável, porque a atmosfera psíquica ou
psicosfera do País é alimentada pelos pensamentos mais íntimos de cada um de
nós. A consciência social é alimentada pela consciência de cada pessoa. De
certo modo, os políticos desonestos estão apenas levando às últimas
conseqüências as pequenas desonestidades físicas, emocionais e mentais que
alguns cidadãos pensam que podem cometer impunemente nas suas relações
familiares ou profissionais. O cidadão que busca tirar vantagens dos outros
dizendo meias-verdades aumenta a presença sutil da falsidade na psicosfera.

Do mesmo modo, o
cidadão que decide viver o mais honestamente possível em todos os aspectos da
vida funciona como purificador da atmosfera psíquica, trocando vibrações densas
por outras mais leves, e pensamentos escuros por idéias bem definidas e claras.
Cada indivíduo está ligado internamente a tudo o que acontece no País e no
mundo, porque o processo humano é um só e indivisível. Quando um de nós
aperfeiçoa a si mesmo, está aperfeiçoando os outros no plano espiritual.
Falando de política, o sábio chinês Confúcio disse há 2500 anos: “Se você for
capaz de corrigir-se, não terá dificuldades ao governar. Se você não for capaz
de corrigir-se, não conseguirá corrigir os outros.” (2) Agora
estamos quase no ponto de aprender a lição.

Nos Ioga Sutras de
Patañjali – o maior tratado de ioga de todos os tempos –, uma das abstinências
exigidas é não roubar. Mas a tarefa é mais difícil do que parece à primeira
vista:

“A maior parte de
nós não é dada ao roubo como ele é usualmente entendido”, comenta Rohit Mehta.
“Mas existem aspectos mais profundos do roubo dos quais podemos não estar
livres.” Qualquer forma de imitação, mesmo sutil, pode ser um furto. Um
relacionamento em que há uso de outra pessoa para satisfação própria é uma
forma de roubo. Todo excesso tem alguma semelhança com o furto, e a honestidade
é quase sempre inseparável da moderação e do equilíbrio. (3)

O desafio político
dos cidadãos da nova era torna necessário reexaminar sua atitude diante da
sociedade brasileira a partir de um ponto de vista central: não podemos ser
altruístas na vida pessoal enquanto agimos de modo egoísta ou irresponsável em
nossas relações econômicas, políticas e sociais. Ao contrário. É preciso
recriar o mundo concreto e as relações humanas a partir do sentimento de
fraternidade que a busca espiritual faz nascer dentro de nós.



É verdade que o
caminho místico desperta a necessidade de uma vida menos agitada e mais
silenciosa, aumentando  o prazer de estar sozinho no plano físico. Mas o
sentimento de solidariedade profunda e o amor pela humanidade só aumentam
quando a busca interior é autêntica – mesmo que se prefira levar uma vida um
pouco mais retirada.

Não é por acaso
que a participação dos místicos na vida política brasileira sempre foi
decisiva. O sentimento de solidariedade é inevitável. Tiradentes, o mártir da
Independência, era simpatizante ativo do movimento maçônico. Ele disse que, se
tivesse dez vidas, daria todas elas pela causa da libertação do nosso país.
José Bonifácio, Gonçalves Ledo e os principais líderes da Independência eram
maçons e transcendiam o dogmatismo religioso, embora em muitos casos tivessem
uma visão limitada da questão espiritual. Frei Caneca, morto por seus ideais
republicanos e democráticos, era maçom, assim como o barão de Rio Branco,
Benjamin Constant, marechal Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto, Campos Sales
e o duque de Caxias. O grande jurista Ruy Barbosa, o presidente Prudente de
Morais e o presidente Washington Luís foram maçons, do mesmo modo que os
jornalistas Júlio de Mesquita e Júlio de Mesquita Filho. Todos esses
personagens da nossa história certamente cometeram equívocos, alguns graves, e
também discordaram freqüentemente um dos outros. Mas eles tiveram em comum uma
certa abertura para a visão mística da vida.(4)

O pioneiro do
jornalismo brasileiro, Hipólito José da Costa, fundou o jornal Correio
Braziliense no exílio, em Londres, em 1808, fazendo dele um instrumento de luta
pelo fortalecimento do Brasil. Hipólito, maçom respeitado mundialmente, foi um
estudioso notável das tradições de mistérios e passou vários anos nas prisões
da Inquisição, perseguido por seus ideais.

Independentemente
dos movimentos espiritualistas ou esotéricos organizados, há hoje uma tarefa
histórica inevitável diante das forças políticas: aprender a lição da ética e,
ao mesmo tempo, assumir uma atitude prática e construtiva em relação ao futuro.
A corrupção não apenas se alimenta do pessimismo, mas também tende a
realimentá-lo. Entre os lugares comuns usados pelos ladrões para justificar-se
está o de que “sempre haverá ladrões”. Mas a verdade é que a sociedade avançou
muito desde o tempo daquele sermão de Antônio Vieira, e agora estamos chegando
a uma situação radicalmente nova no Brasil. A ética em todas as relações
sociais é uma experiência inevitável nos novos tempos.

O século 21
começou e os movimentos sociais não têm mais condições de limitar-se a fazer
críticas. A política baseada apenas em discursos leva ao vazio, ou  uma
postura de negação do presente e do futuro com fixação nos hábitos populistas
do passado. Os setores de esquerda – como todos os outros – estão mudando e
necessitam mudar mais em direção a atitudes crescentemente  éticas e
criativas.

Ruy Barbosa
escreveu em 1910 que “uns plantam a semente de couve para o prato de amanhã, e
outros a semente de carvalho para o futuro. Os primeiros cavam para si mesmos,
os últimos lavram para o seu país”. Com dirigentes políticos decentes, capazes
de ouvir a população e buscar o bem do Brasil a longo prazo, o País poderá
finalmente realizar na prática o velho sonho futurista do patriarca da
Independência, José Bonifácio, que escreveu:

“Nós não
reconhecemos diferenças nem distinções na família humana. O chinês, o
português, o egípcio, o haitiano, o adorador do Sol e o de Maomé serão
tratados como brasileiros. Porque, afinal, esta paz divina e concórdia celeste
ligarão um dia todo o mundo, e farão, de todos os homens, uma só família.”(5) 

Esta é a política
do século 21. Com ela poderá nascer a federação mundial democrática sonhada há
séculos por místicos das mais diferentes tradições culturais e
religiosas,  e da qual a atual ONU é uma pálida,  mas valiosa,
antecipação.


NOTAS:

(1) “Sermão do Bom Ladrão”, Padre Antônio
Vieira, Ed. Princípio, 1993, 48pp.

(2) “O Essencial de Confúcio”, Thomas Cleary,
Ed.
Best Seller, 197 pp. Ver p.113.

(3) “Yoga, A Arte da Integração”, Rohit Mehta,
Ed. Teosófica, 312 pp. Ver pp. 106-107.

(4) “Os Maçons que Fizeram a História do
Brasil”, de José Castellani, Ed. A Gazeta Maçônica, 177 pp. Ver também
“História do Grande Oriente do Brasil”, de José Castellani, editado pelo Grande
Oriente do Brasil, Brasília, 358 pp. e apêndices, 1993; e “Maçonaria e Ação
Política”, de Waldemar Zveiter, Editora Mandarino, RJ, 192 pp.

(5) “José Bonifácio, o Patriarca da
Independência”, de Venâncio F. Neiva, um resumo biográfico, Ed. Irmãos
Pongetti, RJ, 1938, 304 pp. Ver especialmente p.278.

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Para ter acesso
a um estudo diário da teosofia clássica, escreva para lutbr@terra.com.br e
pergunte como é possível acompanhar o trabalho do e-grupo SerAtento.

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Globo Ecologia e Hora de Mudar

[Fonte: Globo Ecologia e Hora de Mudar:]

Obsolescência programada: é possível identificar e se proteger?

Pouca durabilidade dos produtos e lançamento
frequente de modelos estão entre as práticas da indústria encontradas no
mercado nacional

joão paulo amaral, idec  (Foto: divulgação)João Paulo Amaral, do Idec (Foto: divulgação)


Na contramão das iniciativas de consumo sustentável, o mercado parece
desenvolver novas – e eficazes – estratégias para estimular ainda mais
as aquisições por impulsão, ou compras mais frequentes. Fazendo coro às
ações de marketing, a chamada obsolescência programada (do inglês planned obsolescence)
também dá o seu empurrãozinho para motivar o consumidor a sacar mais
algum objeto das prateleiras do comércio. A baixa durabilidade dos
produtos e o apelo dos lançamentos constantes caracterizariam essa
tendência.

Ainda que figure hoje entre nós, a prática está longe de ser algum novo
lançamento, e data da década de 20. Tudo teria começado com a indústria
de lâmpadas. Que, na opinião dos empresários, duravam demais. E não
demorou para que surgissem no mercado modelos menos eficientes, para
fomentar o consumo. Prática que logo se estendeu às linhas de
eletrodomésticos e eletroeletrônicos. O argumento para afastar a
especulação de uma teoria da conspiração seria: por que a indústria
estaria desenvolvendo produtos menos duráveis, quando a sofisticação
tecnológica deveria promover o movimento contrário?

Parte das respostas pode ser encontrada no documentário “The Light Bulb Conspiracy
(A conspiração da lâmpada, em inglês), da cineasta Cosima Dannoritzer,
que se propõe a questionar a prática da indústria de determinar uma vida
útil curta para seus produtos com o objetivo de vender mais, em
especial na indústria da tecnologia. No filme, a cineasta defende a
obsolescência programada na forma tecnológica pura e também na forma
psicológica, em que o consumidor voluntariamente substitui algo que
ainda funciona só porque quer ter o último modelo.

O conceito, que teria surgido entre as empresas como algo obscuro,
torna-se cada vez mais público. A justificativa de que os produtos menos
resistentes seriam também de menor custo e mais acessíveis parece não
soar muito convincente aos especialistas. “O que existe hoje é uma
cultura de objetos com pouca vida útil, aliada ao desejo das pessoas de
terem sempre o último modelo de celulares, tablets, notebooks”, sintetiza João Paulo Amaral, pesquisador do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

Com isso, a entidade coleciona reclamações de produtos defeituosos,
otimizadas pela falta de assistência técnica e de reposição de peças,
além da incompatibilidade com modelos anteriores e acessórios. “Com o
volume e a velocidade de lançamentos, mesmo a mão de obra especializada
não consegue acompanhar a demanda e não há disponibilidade de peças no
mercado”, completa Amaral.
Para o pesquisador, outra evidência da prática da obsolescência
programada seriam os lançamentos de modelos de produtos muito similares e
em pequenos intervalos de tempo. “Com certeza a indústria já dominava
há muito tempo a tecnologia para o desenvolvimento de produtos que só
hoje encontramos no mercado, nos forçando a consumir versões já
obsoletas de pendrives e celulares, por exemplo”, diz o pesquisador.

Amaral alerta para o dano que esta prática causa ao meio ambiente,
gerando um volume cada vez maior de lixo eletroeletrônico, em desalinho
com a Política Nacional de Resíduos Sólidos. O problema exigiria a
implantação de logística reversa das indústrias, condicionando a
produção e a montagem dos produtos em função do descarte.

A insatisfação com produtos foi a terceira maior causa de atendimentos
do Idec no ano passado, somando 14,42% das reclamações, perdendo apenas
para as insatisfações com serviços financeiros e de planos de saúde. A
entidade registrou 5,2 mil orientações sobre problemas de consumo.
Garantia e trocas estão entre as principais dúvidas e reclamações. “A
forma que o consumidor tem para se proteger é estar atento aos seus
direitos. Na entidade, podemos informar sobre prazos de validade e
garantias”, conclui.



ivo lesbaupin, abong (Foto: hugo fanton)Ivo Lesbaupin, da Abong (Foto: Hugo Fanton)


Na opinião do diretor executivo da Associação Brasileira de
Organizações Não-Governamentais (Abong), Ivo Lesbaupin, a consciência e a
articulação social em relação ao problema da obsolescência programada
são os principais recursos para condicionar a indústria a uma mudança de
percepção e até mesmo a uma interferência legal do caso. “Chegamos
àquela situação em que consertar um determinado aparelho tem o mesmo
custo que comprar um novo. A forma que temos de nos opor a isso é exigir
melhor qualidade tecnológica dos produtos, a possibilidade de reparos e
que as peças possam ser utilizadas de alguma forma após o desmonte dos
aparelhos”, enumera.

Outra alternativa apontada por Lesbaupin seria o cumprimento dos prazos
de garantia, com a exigência da troca das mercadorias em casos de
defeito, e não o reparo gratuito pela assistência técnica. “É preciso
jogar essa carga sobre os fabricantes. Se a indústria fosse obrigada a
fornecer um novo produto a cada caso de peça defeituosa, a preocupação
com a qualidade tecnológica certamente aumentaria”, acredita.

O diretor da Abong não está sozinho quando pensa que uma campanha de
sensibilização despertaria o interesse de muitos consumidores. A
obsolescência programada também esteve em pauta no blog Hora de Mudar,
da juíza Ziula Sbroglio, dedicado ao consumo consciente. Desde julho do
ano passado, Ziula se impôs o desafio de “frear todo e qualquer consumo
de item não-essencial ou supérfluo”, e já entra no que ela mesma chama
de “segundo ano sem compras de desnecessários e supérfluos”.

Em meio a muitos relatos, a blogueira conta que um dos seus filhos
sugeriu a compra de uma televisão com tecnologia 3D, se propondo
inclusive a pagar metade do custo do aparelho. Fiel ao próprio desafio,
ela teria argumentado que a aquisição não se enquadrava como item
necessário ou essencial. “Não compramos. E quinze dias depois ele
lembrou que a televisão não está fazendo a mínima falta.”


retirado daqui